São Benedito

São Benedito

sexta-feira, 13 de maio de 2016

"Cativeiro. Palavra difícil essa.
Muitas vezes meus filhos julgam que o cativeiro é somente aquele em que os homens, geralmente os brancos, subjugavam os negros e a eles impingiam toda sorte de sofrimento, de acordo com o mando do senhor dos escravos.
Ah! Quanto engano.
Há tantas formas de cativeiro... O jugo que o homem impõe sobre o outro, tentando oprimir as consciências, espalhando a infelicidade dentro dos corações. O cativeiro das idéias, quando o ser se faz escravo de certos pensamentos, já ultrapassados, ou mesmo das próprias idéias, que nem sempre dignificam quem está com a razão.
Existe a escravidão de um povo, de uma raça, de uma comunidade, de uma família ou de um indivíduo, quando se recusa a seguir o progresso da vida e estaciona no tempo. Mas há também a escravidão daqueles que se julgam sábios, que repetem coisas belas - filosofias copiadas de outros - e que são incapazes de realizar algo em benefício próprio, como a transformação íntima de suas tendências, seus costumes e idéias, pois de acham escravos de si mesmos.
Na verdade, o cativeiro da escravidão pode ter passado. No entanto, quem sabe Isabel, a princesa, tenha apenas aberto um caminho para que os homens não mais continuassem cativos de seus modismos, medos, ânsias e angústias; de sua pequenez sem sentido?
É preciso que os meus filhos se encarem no espelho. Não naquele espelho no qual costumam olhar-se pela manhã, mas no espelho do Si, na própria alma. Observar se não estão com grilhões atados na mente, na alma ou no coração.
É preciso liberdade. Mas liberdade não é o resultado de um decreto ou de uma assinatura em uma folha de papel. A verdadeira libertação é a da alma, que poderá um dia voar livre como as andorinhas no céu de sua própria vida. Sem grilhões, sem cordas, sem muletas.
É preciso voar e voar alto, dentro de si mesmo".

Fonte: Pelo Espírito Pai João de Aruanda em "Sabedoria de Preto Velho" de Robson Pinheiro

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