"A Calunga Grande é o mar imenso. Ao longo da história, suas águas receberam muitos corpos de irmãos que faleceram em guerras, catástrofes e nos navios negreiros. Muitas pessoas também morreram em lutas contra os piratas, nos combates no mar que levaram a tantos naufrágios. O fundo do mar é recheado de histórias de pessoas que ali desencarnaram. Por isso os Pretos-Velhos o chamam assim. Em alguns países, ainda hoje, é na Calunga Grande que são colocados os corpos das pessoas que falecem.
A Calunga Grande é o reino de domínio de Iemanjá. Ali tomam conta os marinheiros, as Caboclas do Mar e na praia os Pretos-Velhos, Ciganos, Exus e Pombogiras. Na Calunga Grande podemos pedir ajuda a Iemanjá para a cura de doenças e questões relacionadas à saúde. Ali também está presente a força poderosa de Ogum, pois na areia do mar está Ogum-Beira Mar e dentro da água está Ogum Sete Ondas. Eles atuam na ronda da Calunga Grande e no Reino de Iemanjá.
Devemos lembrar que o mar é o lugar que deu início a todas as formas de vida do planeta, assim como Iemanjá é a Grande Mãe, regendo todos os começos.
No mar também temos as sereias. Elas são seres que nunca encarnaram e atuam como seres encantados como os elementais. São seres naturais, regidas por Iemanjá, Oxum, Oxumaré e Nanã. Junto à Mãe Iemanjá também há crianças, como Mariazinha da Praia, Joãozinho da Praia, Juquinha, Pedrinho, Estrelinha, que chegam nos terreiros trabalhando intensamente, com seu jeito brincalhão. Essas entidades permanecem à beira-mar, fazendo a ronda contra entidades maléficas.
Alguns livros espíritas citam a Calunga Grande como ambiente no atendimento a espíritos desencarnados. Veja, no livro “Entre o Céu e a Terra”, de Chico Xavier, pelo espírito André Luiz, este relata : “- O oceano é miraculoso reservatório de forças – elucidou Clarêncio, de maneira expressiva -; até aqui, muitos companheiros de nosso plano trazem os irmãos doentes, ainda ligados ao corpo da Terra, de modo a receberem refazimento e repouso”. Já no livro “Faz parte do Meu Show”, de Robson Pinheiro, encontramos várias referências do benefício que os recém-desencarnados recebem ao se aproximar das praias. E ainda no livro “Voltei”, também escrito por Francisco Cândido Xavier, a equipe responsável pelo trabalho de ajuda aos recém-desencarnados faz os primeiros atendimentos na praia.
Após um banho de mar, ou mesmo alguns momentos sentados em meditação e escutando o barulho característico das ondas batendo na praia, sentimos revitalização e reposição de energia. Cada umbandista deveria ao menos esporadicamente, ir à beira-mar, reverenciar à Mãe Iemanjá, pedindo a superação de momentos difíceis, saúde, força, proteção e paz.
Salve o mar, reino de Iemanjá"!
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