São Benedito

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quarta-feira, 5 de março de 2014

A Magia Negra

Despindo-se, através dos tempos, de sua imponente pompa litúrgica, a Magia Negra conserva, por toda parte, a quase totalidade de seu poder terrífico de outrora.
Como a Branca, que lhe é adversa, a Magia Negra para consecução de seus objetivos, opera com as forças da natureza, propriedades de
produtos da fauna e da flora do mar, de corpos minerais, de vegetais de vísceras e órgãos animais, com elementos do organismo humano, e com atributos ou meios só existentes nos planos extraterrestres. A sua influência atinge as pessoas, os animais e as coisas.
As entidades espirituais que realizam esses trabalhos possuem sinistra sabedoria, recursos verdadeiramente formidáveis, e energia fluídica aterradora.
Um desses espíritos tem se prestado à experiências, não só diante de
conhecedores do espiritismo, como perante pessoas de brilho social no círculos da elegância. Assim, tomando o seu aparelho, isto é, incorporando-se ao seu médium, faz triturar com os dentes, sem ferir-se, cacos de vidro. Caminha, de pés descalços, sobre um esTendal de
fundos de garrafas quebradas, seno que, por duas vezes, convidados,
levaram as garrafas e as quebraram, aguçando lâminas pontudas para o passeio do médium.
Ele demonstrou de uma feita, a um grupo de curiosos da alta sociedade, a importância de coisas aparentemente insignificantes. Nos centros do espiritismo de linha, pede-se, durante as sessões, que ninguém encruze as pernas e os braços. Parece uma exigência ridícula, e não o é. Provou-o, o Exu.
Quando, incorporado, passeava descalço sobre os cacos de vidro, para fazer compreender a transcendência daquela recomendação, mandou que uma senhora trançasse a perna, e logo os pedaços de vidro penetraram, ensanguentando-se, os pés que os pisavam.
Para comprovar a força dos pontos da magia (desenhos emblemáticos, cabalísticos ou simbólicos), produziu uma demonstração sensacional.
Escolheu sete pessoas, ordenou-lhes que se concentrassem sem
quebra da corrente de pensamento, riscou no chão um ponto e
decapitou um gato, cujo corpo mandou retirar, deixando a cabeça junto ao ponto.
- Enquanto não se apagar esse ponto, esse gato não morre e essa
cabeça não deixa de miar. Durante dezessete minutos, a cabeça separado do corpo miava dolorosamente na sala, enquanto lá fora, o corpo sem cabeça se debatia com vida. Os assistentes começavam a ficar aterrados. Ele apagou o ponto, e cessaram o miado gemente da cabeça sem corpo e a convulsões do corpo sem cabeça.
Tais entidades tem ufania de seu poder; são com frequência, irritadiças e vingativas, mas, quando querem agradar a um amigo da Terra, não medem esforços para satisfazê-lo. As suas lutas no espaço, por questões da Terra, tem a grandeza terrível das batalhas e das tragédias.
Essa magia exerce diariamente a sua influência perturbadora sobre a
existência, no Rio de Janeiro. Centenas de pessoas de todas as
classes, pobres e ricos, grandes e pequenos, por motivos de amor, por
motivos de ódio, por motivos de interesse, recorrem aos seus sortilégios.
A política foi e continua a ser dos seus melhores e mais assíduos
clientes.
Durante a revolução de São Paulo, essas hordas do espaço travaram
pugnas furiosas, lançando-se umas contra as outras. As que se
moveram pelos paulistas esbarraram com as que foram postas em ação em favor da ditadura e esses choques invisíveis nos planos que os nossos sentidos não devassam, certo ultrapassaram, em ímpeto, as
arremetidas do plano material. Sobre o enraivecido desentendimento
das legiões ditas negras, pairavam as falanges da Linha Branca de
Umbanda e os espíritos bons e superiores de todos os núcleos de nosso ciclo, levantando muralhas fluídicas de defesa para que os governantes de São Paulo e do Rio não fossem atingidos pela perturbação, e na plenitude de suas faculdades, medindo a extensão da desgraça, compreendessem a necessidade de negociar e concluir a paz.Nesses dias da guerra civil, os terreiros da Linha Branca de Umbanda tinham um aspecto singular: - estavam cheios de famílias aflitas, e quase desertos de protetores, pois as falanges todas se achavam no campo das operações militares, esforçando-se para atenuar a brutalidade da discórdia armada...
A atividade da Magia Negra tem três modos de ser contrastadas: a
oposição de seus próprios elementos, a defesa a que se obriga a Linha Branca de Umbanda e a atuação dos Guias Superiores.
Creio que, perdendo a solene pompa do cerimonial antigo, a magia
perdeu em eficiência, porque a colaboração do elemento humano
pensante e sensível diminuiu. O homem que aspira ao domínio da
magia necessita de aprofundar-se em estudos muito sérios, sobretudo
os da ciência, para conhecer as propriedades dos corpos, e suas
afinidades, e precisa, ainda, desenvolver e governar, com intransigência de ferro, as faculdades da alma, as forças físicas e as energias do instinto. Isso não é fácil, e o praticante da magia, em nosso tempo, tem de subordinar-se, em absoluto, a vontade de um espírito, que, em geral, só lhe permite um lucro mesquinho.
Nessas condições o individuo que se poderia chamar o mago negro
cada dia se tornara mais raro, desaparecendo, a pouco e pouco, o
contato da humanidade com essa ordem de espíritos.
Nos centros dessa magia, conforme a finalidade das reuniões, os
aparelhos humanos laboram vestidos, desnudos da cinta para cima ou
totalmente despidos. Trabalha-se com entusiasmo, até para o bem,

quando lhes encomendam.

(Trecho retirado do livro O Espiritismo, a magia e as 7 linhas de Umbanda cap XIV p.37 de Leal de Souza)

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