São Benedito

São Benedito

sexta-feira, 29 de julho de 2016

"Tendo Jesus saído de casa naquele dia, estava assentado junto ao mar. E ajuntou-se muita gente ao pé dele, de sorte que, entrando num barco, se assentou; e toda a multidão estava em pé na praia. E falou-lhe de muitas coisas por parábolas, dizendo: Eis que o semeador saiu a semear. E, quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho, e vieram as aves e comeram-na; e outra parte caiu em pedregais, onde não havia terra bastante, e logo nasceu, porque não tinha terra funda. Mas, vindo o sol, queimou-se e secou-se, porque não tinha raiz. E outra caiu entre espinhos, e os espinhos cresceram e sufocaram-na. E outra caiu em boa terra e deu fruto: um, a cem, outro, a sessenta, e outro, a trinta. Quem tem ouvidos para ouvir, que ouça". (Mateus, 13:1-9)
 
INTERPRETAÇÃO:
“Tendo Jesus saído de casa” revela a incansável dinâmica da sua forma de agir e nos alerta quanto ao imperativo do trabalho e da perseverança.
“Estava assentado junto ao mar” pode ser entendido como sendo o “mar das experiências humanas” ponto propício ao crescimento espiritual do ser humano. Jesus estava assentado junto ao mar, mantendo-se na posição tranquila que lhe caracterizava o Espírito, aguardando o instante de atender os Espíritos necessitados e encaminhá-los aos ajustes necessários, consoante a manifestação da lei de causa e efeito. A saída se deu “naquele dia”, indicando que sempre surge o momento ou circunstância favorável à renovação individual.
A multidão, carente de segurança e amparo, aproxima-se de Jesus, atraída por sua poderosa vibração de amor.
Jesus “se assentou; e toda a multidão estava em pé na praia”. A multidão, pelo fato de estar de pé, define sua disposição de aprender, de receber ou acolher as orientações vindas do Mestre. Naturalmente, o magnetismo de Jesus tinha uma feição não apenas terapêutica, mas de alta ressonância no que diz respeito ao redirecionamento da vida de muitos corações sofredores, oferecendo- lhes diretrizes mais gratificantes na condução da própria existência.
“Eis que o semeador saiu a semear” é expressão que encerra profundo magnetismo. Trata-se de um convite dirigido aos Espíritos abertos ao aprendizado, já que a mensagem do Cristo implica o lançamento nos diferentes solos humanos, uma vez que o Evangelho de Jesus, assim como a Doutrina Espírita, trabalham sempre a “semente”, raramente o “fruto”.
O primeiro tipo de solo, ou local onde as sementes caíram, simboliza as pessoas que permanecem à margem das orientações espirituais que lhes chegam durante a existência. Aqui vemos os indiferentes; achegam-se ao Evangelho, ouvem as lições e retiram-se; seus corações não sentem os ensinamentos e, por comodismo, acham mais fácil abandoná-los; são terrenos ainda não preparados para a semeadura. Representam, sem dúvida, os materialistas de todos os tempos.
As pedras indicam formações mentais cristalizadas ainda existentes em todos nós, Espíritos imperfeitos, mas que precisam ser removidas ou desfeitas, seja pelo conhecimento de verdades imortais, seja pela melhoria moral. As pedras podem, também, ser vistas como condicionamentos ou reflexos dominantes da personalidade que se expressam sob a forma de interesses passageiros e superficiais, e que não cedem espaço a entendimentos mais profundos.
Toda disposição de melhoria, não se deve restringir às boas intenções. É necessário que construamos uma boa base (com “terra funda”) de conhecimento doutrinário que possa alimentar a nossa sincera vontade de melhorar, criando empecilhos ao desânimo e ao abandono do trabalho.
Os espinhos indicam outro tipo de solo onde as sementes foram semeadas. Devemos ter cuidado com esses espinhos, já que podem colocar em risco a boa produção da semeadura, além de sufocarem os mais valorosos projetos e as mais nobres intenções. Temos aqui aqueles que ao ouvirem a palavra divina, comparam as coisas materiais com as espirituais e se decidem pelas materiais, por parecer-lhes um caminho mais fácil e mais cômodo; são almas de pequenino desenvolvimento espiritual, que se acomodam melhor nas facilidades que a matéria proporciona. Os ensinamentos do Evangelho quando alcançam as pessoas simbolizadas pela “boa terra” são assimilados e difundidos, num processo natural. A semente é o Evangelho de Jesus, entendido como roteiro de vida, mesmo quando chega até nós e não encontra a devida ressonância.
Os quatro campos de semeadura, citados na parábola, simbolizam os diferentes tipos de mentalidade espiritual. A semente que cai no terreno fértil é a que foi semeada num coração mais amadurecido e receptivo ao Evangelho, disposto a acatar novos aprendizados e a renunciar às antigas e infelizes aquisições. Mesmo nesse solo fértil, cada um produz de acordo com o seu grau de adiantamento espiritual: uns produzem mais, outros produzem menos.

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